“As festas juninas foram originalmente” celebradas pelos
nossos ancestrais indígenas e depois mantidas pelo povo do sertão nordestino,
que como os índios, viviam basicamente da agricultura e tinham os seus próprios
corações pulsando no ritmo do sagrado coração da Terra.
O ponto culminante da festa era o solstício de inverno, que
acontece em 22 de junho, e comemorava a colheita e a preparação para a nova
semeadura. Neste dia, os povos indígenas
acendiam fogueiras, dançavam e celebravam a colheita do milho, que era sua
principal fonte de nutrição. É daí que vem o costume de comer derivados do
milho, nas festas juninas. Neste período, era tempo de agradecer a Deus pela
fartura e preparar-se para o recolhimento durante o inverno, tempo de
introspecção, reflexão e seleção dos melhores grãos para o novo plantio, a ser
feito no próximo equinócio (em março). O inverno é o momento para escolher os
melhores frutos, selecionar suas sementes e voltar a semear. Os frutos podres ou atrofiados servirão de
adubo para enriquecer a Terra e prepará-la para receber os melhores grãos, que
estão sendo escolhidos e armazenados.
Simbolicamente, este é um tempo de celebração e gratidão por
toda abundância que usufruímos até agora. É também tempo de reflexão, autocrítica
construtiva e escolha das sementes que queremos semear no novo plantio, de
acordo com a experiência adquirida no ciclo que está terminando. De tudo de que
foi planejado, certamente haverá metas que não foram conseguidas. A vida na
Terra inclui frutos perfeitos e frutos não desenvolvidos. Os fracassos são o
adubo para o plantio das novas sementes.
O solstício de inverno facilita acessar as energias que estão
disponíveis na busca e investigação de quais são as causas que têm nos impedido
até agora de alcançar o êxito.
Este é um período de amor e solidariedade. Nós, seres
humanos, temos vivido há centenas de milhares de anos, em estreito contato e
harmonia com a Natureza, sendo partes dela mesma. Somente nos últimos séculos,
é que construímos cidades, passamos a morar em edifícios cada vez mais altos e
assim, acima do chão, nos tornamos cada vez mais inconscientes da nossa conexão
com a Terra. Porém, essa conexão existe, todo nosso ser segue respondendo a
esses ciclos, pulsando, levando esse programa em nossos genes, quer saibamos
disto ou não.
Nós somos e sempre seremos filhos da Terra, como os nossos
ancestrais indígenas e sertanejos, homens e mulheres do campo, que nos deixaram
as festas juninas, como rituais de conexão entre nós e com a nossa grande Mãe.
Este é um convite para juntos resgatarmos a Tradição dos
nossos ancestrais, honrando o sentido deste ritual e atualizando-o em nosso
presente momento. Vamos aproveitar estes dias especiais para celebrar a nossa
colheita e refletir sobre nosso próximo plantio. É assim que reativaremos em
nós a semente do sagrado, reconhecendo e honrando o nosso vínculo com a Terra,
com o “Grande Mistério”(Deus) e com todos os filhos da Terra.
Nós somos os Guerreiros do Arco-íris, quer saibamos disto ou
não. Celebremos este dom!
Como vocês podem perceber, as festas juninas têm tudo a ver
com o Brasil. Sugiro que prestem atenção ao convite que esta celebração nos faz
para uma reflexão pessoal sobre a nossa colheita deste ano.
(1) Quais os bons frutos que colhi e posso celebrar?
(2) Quais os melhores grãos, que eu vou escolher para o novo
plantio?
(3) Quais os grãos apodrecidos ou atrofiados, que eu usarei
para produzir o adubo que nutrirá o novo plantio?
Acho perfeita esta simbologia: numa colheita tudo é um
presente sagrado da natureza. Os melhores grãos serão replantados, mas os grãos
ruins são imprescindíveis como adubo do novo plantio.
É isso. "
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