quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Aberto processo contra suspeitos de receber propina da empresa Alstom

"Segundo o Ministério Público Federal, para obter um aditivo no contrato de R$ 181 milhões, a Alstom aceitou pagar R$ 23 milhões em propina a agentes públicos."



A Justiça Federal acolheu a denúncia do Ministério Público e abriu processo contra 11 suspeitos de envolvimento no suposto esquema de pagamento de propina pela empresa francesa Alstom, em São Paulo.

É a primeira vez que a Justiça transforma em réus acusados de envolvimento no esquema que teria sido financiado pela Alstom para ampliar um contrato de fornecimento de equipamentos de energia ao estado de São Paulo.

Segundo o Ministério Público Federal, para obter um aditivo no contrato de R$ 181 milhões, a Alstom aceitou pagar R$ 23 milhões em propina a agentes públicos.

O esquema teria funcionado entre 1998 e 2002, durante os governos de Mario Covas e Geraldo Alckmin, ambos do PSDB.

São agora réus José Sidnei Colombo, ex-presidente da Empresa Paulista de Transmissão de Energia (EPTE), Celso Sebastião Cerchiari, ex-diretor da EPTE, Thierry Charles Lopes e Daniel Huet, ambos da Alstom, Jonio Foigel, diretor de uma empresa que participava do consórcio com a Alstom, Sabino Indelicato, Cláudio Luiz Petrechen, Jorge Fagali Neto, chamados pelos promotores de lobistas, e os consultores Jean Pierre Courtadon, Romeu Pinto Junior e José Geraldo Villas Boas.

Os réus vão responder pelos crimes de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

O juiz Marcelo Cavali decidiu excluir do processo um dos 12 acusados, Jean Lannelongue, porque ele tem mais de 70 anos.

O juiz também autorizou a abertura de um inquérito policial especifico para investigar o vereador Andrea Matarazzo, do PSDB. Matarazzo era secretário de energia na época da assinatura do contrato.

O Ministério Público diz que espera mais documentos enviados por autoridades da Suíça. Na decisão, o juiz afirma que há ao menos um indício de que o partido ao qual o vereador é filiado e a própria Secretaria de Energia tenham sido beneficiários de valores indevidos.

Também serão investigados Eduardo José Bernini, ex-presidente da Eletropaulo, que na época era estatal, e três ex-executivos da Alstom.

Andrea Matarazzo foi ouvido nesta terça como testemunha em outra investigação sobre o mesmo caso, conduzida pelo Ministério Público Estadual. Ele voltou a afirmar que é inocente.

“Eu posso assegurar que eu não tenho a mais vaga ideia do que se trata esse assunto. Nunca ninguém nem falou comigo, nem eu assinei e nem discuti esse assunto. Mas eu acho que a Justiça recolocará os fatos no lugar”, disse Andrea Matarazzo, do PSDB, vereador de SP.

Os advogados e os investigados com quem o Jornal Nacional conseguiu entrar em contato negaram que irregularidades tenham sido cometidas.

A empresa Alstom divulgou nota, em que afirma que está enfrentando acusações no Brasil - mas que tem implementado regras de ética que devem ser seguidas por todos os funcionários.

A assessoria do governador Geraldo Alckmin declarou que nenhum dos denunciados tem qualquer vínculo com o governo.

E o PSDB de São Paulo negou que tenha recebido benefícios ilegais. O partido afirmou que reitera a total confiança na Justiça - e que, se houver culpados, eles devem ser punidos rigorosamente.

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